domingo, 20 de maio de 2012

Resenha sobre o livro “A Arte de Restaurar Histórias”



No curso da disciplina Teorias e Tècnicas Psicoterápicas, ministrada pela Profa. Patrícia Lima, a querida Ticha,  nós tivemos uma introdução aos princípios de algumas técnicas utilizadas na prática clínica, e dentre estas, a Gestalterapia. Nos foi proposta a leitura do livro de Jean Juliano, “A Arte de Restaurar Histórias”, uma reflexão sobre a experência da autora em anos de prática psicoterápica utlizando as técnicas da Gestalterapia, com o intuito de tentar responder a pergunta: O que é ser terapeuta?

Já no título da obra podemos perceber que, segundo a autora, o papel do terapeuta é restaurar histórias individuais esfaceladas e/ou incompletas, desordenadas, utilizando técnicas que priorizam o diálogo e a interação cliente/terapeuta – o contato, um dos conceitos apresentados pela Gestalterapia – no espaço criado na terapia.
  
Interessante observar que a autora faz uma analogia do trabalho de psicoterapia com elementos da vida diária normalmente muito significativos, como cozinhar ou costurar uma colcha de retalhos, aproximando assim a atividade terapêutica da vida quotidiana, e não algo “estranho” ou excepcional da vida do sujeito, ou uma atividade que não deva ser discutida. Esta analogia faz muito sentido, pois somente através da própria experiência do fazer, do estar presente por inteiro em tais atividades é que se consegue “terminar” o trabalho e formar uma coisa nova, uma nova imagem, uma nova forma, com as “partes” iniciais, a princípio desconexas e sem sentido.
  
Entendemos que, de acordo com a autora, o ofício do psicoterapeuta é “resignificar”, dar novo sentido para a história pessoal dos indivíduos. Para Jean, a tarefa do terapeuta é olhar para os “retalhos de histórias” que são trazidos para o espeço da terapia e recompô-los, reorganizá-los, “ensaiar novas percepções e dar outras perspectivas” às questões levantadas pelo cliente.

Para a autora o psicoterapeuta é um “guardador de histórias” que são postas em sua guarda nos momentos em que o cliente não tem espaço “ou possibilidade de permanecer com elas em um determinado momento”, até que o cliente esteja pronto para levá-las consigo novamente e então transformá-las em algo diferente, novo e que faça sentido na sua vida.

Ao discutir o processo terapêutico, a autora afirma que “o processo de crescimento e expansão da consciência é, em parte, autônomo”,ou seja, só se concretiza a partir de um esforço do próprio indivíduo, e só por ele pode ser levado a cabo. Mas é muito importante saber que o espaço terapêutico existe e está ali para auxiliar-nos, guiar-nos rumo a esse crescimento, através da possibilidade de fala do cliente e da escuta atenta do terapeuta. Jean vem nos dizer que “cabe ao psicoterapeuta e ao cliente aprender a dar pasagem, a compreender e cooperar com esse processo.” Este ponto é muito importante para o entendimento do que é ser terapeuta, pois esta acolhida de olhos e ouvidos atentos ao mundo apresentado pelo cliente na terapia é o real “retornar as coisas mesmas” e estar inteiro no momento presente que nos fala a base fenomenológica da gestalterapia, o próprio conceito de contato e de “estar no mundo”. Ao adotar uma postura atenta, curiosa, aberta à  “novidade do mundo”, o terapeuta se coloca como um acompanhante ou guia de uma jornada pessoal do cliente,muitas vezes dolorosa e sofrida, a qual seria muito árida se atravessada sozinho.

Vemos então que, como bem coloca a autora, que o trabalho em Gestalt representa uma postura diante da vida, pois essa interação que acontece no espaço terapêutico não é exclusividade do mesmo, e nem poderia ser, pois o gestalterapeuta tende a levar sua maneira de entender o mundo, de se colocar em contato com “a pessoa do outro na sua singularidade, sem pré-concepção de qualquer ordem” A terapia pode então ser entendida como um processo contínuo onde homem e mundo se transformam.

 
A técnica do trabalho em Gestalterapia: 

A autora apresenta alguns pressupostos básicos para a eficiência do trabalho com a Gestalterapia, uma linha de terapia clínica de cunho fenomenológico-existencialista, que utiliza conceitos da Gestalt, como a Lei da Boa Forma, para entender a percepção.  Segundo essa lei, a nossa percepção tenta organizar “as figuras”, ou partes de uma figura da melhor forma possível. A Gestalterapia “toma emprestado” esse conceito e vai dizer que não somente nossa percepção acontece assim, mas também as experiências da nossa consciência e nossos fatos psíquicos, ou seja, tentamos organizar a nossa experiência de “estar no mundo”  da melhor forma possível.
 
Portanto, a Gestaterapia enfatiza a percepção sensorial e o fluxo e direção da energia corporal, onde o terapeuta procura focar sua atenção para o momento da troca com o cliente, analisando sua postura, seu ritmo respiratório, a situação psicológica do momento vivido, assim como também suas vivências anteriores. Deve ter sua atenção centrada no conteúdo relatado, mas também em como o cliente se narra (foco duplo), pois “o foco do trabalho reside na estrutura da experiência, no como da interação em processo”.

É importante também observar que o objetivo do trabalho em Gestalt é restaurar a qualidade do contato do indivíduo com o mundo, daí a importância da criação de um contexto adequado para a terapia. O terapeuta deve criar condições para que o cliente experimente novas maneiras de perceber o mundo, e que possa ensaiar novas formas de diálogo. Isso pode ser alcançado através da utilização de alguns “experimentos”, que são atividades propostas na terapia com objetivo de aumentar a “awareness” do cliente perante as situações trazidas ao foco do processo terapêutico.

Para que tais “experimentos” e resignificação das experiências sejam possíveis, é fundamental o suporte pessoal do terapeuta, que deverá estar aberto ao trabalho da terapia tanto quanto o cliente, e colocando sua energia disponível para este processo. Isso implica em uma presença de qualidade da parte do terapeuta, uma “atitude descontraída e atenta”, para que possibilite a “observação do fenômeno tal e qual ele se apresenta, e é, mais do que aquilo que foi ou que poderia ser.”

A autora nos diz que “a escuta interessada do terapeuta é curativa por si só”, e com isso podemos sintetizar a importância do trabalho do gestalterapeuta, que se apresenta como ouvinte interessado e atento, um facilitador para as que as transformações em curso no trabalho psicoterápico se dêm da forma mais significativa e eficiente possível. Pensamos que ser terapeuta, como nos diz Jean, é ser um mestre na arte de restaurar/resignificar histórias, sempre lembrando que ao estarmos ali, em contato com uma pessoa humana, somos só outra pessoa humana, e a qualidade desse contato é a matéria mesma de que a vida é feita.


Sites interessantes sobre Gestalt e Gestalterapia:

Link para o livro de Franz Perls, "Gestalt-terapia Explicada", no Google Books
Instituto de Gestalterapia, Rio de Janeiro, RJ
Psicologia e Saúde, O que é Gestalterapia
Gestalt em Movimento, Maringá, PR



quinta-feira, 17 de maio de 2012

Jung

Cada dia gosto mais desse dissidente do Dr. Sigmund!


Neruda sempre!

"Algún día en cualquier parte, en cualquier lugar indefectiblemente te encontrarás a ti mismo, y ésa, sólo ésa, puede ser la más feliz o la más amarga de tus horas."

 

Não sei se já declarei aqui o meu amor incondicional pelo Neruda, acho que não, pois não é bem esse o foco do blog, falar das minhas preferências estéticas. Mas então, pode ser! Já que ultimamente tenho buscado tanto a poesia pra me expressar, pra me consolar, pra me inspirar, resolvi dividir com vocês um pouco disso...

Amo muito poesia, e vários poetas fazem parte da minha vida, já citei aqui o Fernando Pessoa, acho que um dos top 5 da minha lista. Mas ultimamente o Neruda tem estado na minha cabeceira, "Cem Sonetos de Amor" e "Canto General", no original em espanhol. E é uma delícia abrir uma página aleatoriamente e descobrir uma pérola que alegra o meu dia ou simplesmente me faz pensar. Alimento para a alma.

Pra quem gosta de Neruda, tem um milhão de sites e blogs dedicados à ele na internet. Eu tenho acompanhado pelo Facebook essa página aqui, que gosto muito e me dá doses homeopáticas diárias de excelente poesia... Em outra oportunidade, falo mais de como esse amor pelo grande poeta chileno começou... Por ora, só a poesia mesmo, e basta!


"quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outouno
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos.
Não quero dormir sem teus olhos...
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando." 






"Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas."







Sites interessantes sobre Pablo Neruda:


 

domingo, 13 de maio de 2012

Dia das Mães



Mesmo sabendo que o Dia das Mães foi uma data criada para "aquecer" um período de vendas baixas, golpe de marketing e blá blá blá, sempre me deixo levar pelo sentimentalismo da data, ainda mais depois de ter me tornado mãe também... 

Não dá pra passar em branco, e confesso que adoro todas as homenagens, comemorações na escola, mimos e etc. É sempre bom ser paparicada e amada, ainda mais por uma coisa que me orgulho muito de viver a cada dia, ser e estar mãe...aprendendo com eles e ensinando continuamente, fazendo da vida uma rollercoaster ride de acontecimentos e emoções, tendo a sorte de vê-los crescer e desabrochar para a vida!


E é sempre emocionante estar com a minha mama, ser filha, homenageá-la e poder agradecer por ela ter me ensinado e me inspirado a ser mãe, seja seguindo os seus exemplos ou aprendendo com seus erros... E esta mistura de ser filha, mãe, cuidadora, amiga e seguidora é o que faz a alma feminina tão especial!
Obrigada, mãe, e que possamos estar juntas por muitos outros dias das mães e filhas!

Minha linda Mamita, 13 de Maio de 2012, em Porto Alegre

sábado, 12 de maio de 2012

Descobrindo o Existencialismo - Kierkgaard

"A vida só se compreende mediante um retorno ao passado, mas só se vive para diante." - S. Kierkgaard


No início deste período decidi começar a fazer as minhas disciplinas optativas, ao invés de tentar adiantar matérias dos semestres seguintes. Pensei que elas me dariam a oportunidade de conhecer outras linhas de pensamento dentro da Psicologia. Como minha escolha sempre inclui alguma coisa de Filosofia, e influenciada pela iniciação à Gestalt que tivemos com o Prof. Jhonny no primeiro período, me inscrevi em uma disciplina de "Teorias e Técnicas Psicoterápicas".
Para minha surpresa, na ementa, além da Gestalt, estudaremos várias outras linhas de pensamento voltadas para a clínica: Psicodrama (Moreno) e Abordagem Centrada na Pessoa (Rogers), todas com raízes e influências da Fenomenologia (Husserl e Heidegger) e do Existencialismo. Falaremos em outro(s) post(s) sobre a delícia que está sendo fazer essa aula, e da minha "lua-de-mel" de encantamento pelas correntes fenomenológicas da Psicologia.
Para mim, Existencialismo sempre foi sinônimo de Sartre, de quem já gostava muito, até que aprendi que tudo começou com um certo mocinho dinamarquês chamado  Sören Kierkgaard.

Lendo seus escritos e um pouco do que foi escrito sobre ele, foi paixão à primeira vista! Não tenho a menor pretensão de analisar a obra desse filósofo, até porque um tanto hermética, apenas destaco algumas partes de seu pensamento que fizeram muito sentido pra mim, e me fizeram compreender melhor o que é essa inquietação da alma humana que o Existencialismo trata.

Transcrevo abaixo parte de introdução ao trabalho de Kiekgaard que encontrei na edição de "Os Pensadores", edição de 1979.

"Considerado por muitos historiadores como o primeiro representante da filosofia existencialista, Sören Aabye Kierkgaard nasceu a 5 de maio de 1813, em Compenhague, filho de Michael Pedersen Kierkgaard, então com 56 anos de idade, e de Anne Sreensdatter, de 44 anos.
"Minha vida não será, apesar de tudo, mais do que uma existência poética".
S. Kierkgaard
Essa afirmação revela, segundo György Luckács (1885-1970), seu heroísmo, sua honestidade e sua tragédia. Para Luckács, o heroísmo de Kierkgaard residiu em ter desejado criar formas a partir da vida: sua probidade, em ter seguido até o fim o caminho escolhido; e sua tragédia, em ter desejado viver aquilo que jamais poderia ser vivido



 Régis Jolivet afirma que o pensamento de Kierkgaard formou-se, "não tanto por assimilação de elementos estranhos, mas sobretudo através de uma luta de consciência, cada vez mais intensa e cada vez mais exigente, perante as condições, não já da existência em geral, mas do seu próprio existir."

Ainda segundo Jolivet, a filosofia de Kierkgaard é precisamente ele mesmo, e ele mesmo não fortuitamente e, de certo modo contrariado, mas ele mesmo voluntária e sistematicamente, a tal ponto que "o existir como indivíduo" e a consciência desse existir chegaram a ser, para ele, condição absoluta da filosofia e até sua única razão de ser."
Sartre fez uma boa síntese de todo o caráter da filosofia de Kierkgaard, uma filosofia da existência que foi construída em oposição a todos os sistemas racionalistas, especialmente ao sistema hegeliano:

"A vida subjetiva, na própria medida em que é vivida, não pode jamais ser objeto de um saber; ela escapa, em princípio, ao conhecimento... Essa interioridade que pretende afirmar-se contra toda filosofia, na sua estreiteza e profundidade infinita, essa subjetividade reencontrada para além da linguagem, como a aventura pessoal de cada um em face dos outros e de Deus, eis o que Kierkgaard chamou de existência." Sartre, J.P., Questão de Método.

Dentre as obras que Kierkgaard escreveu e publicou em sua curta vida (morreu aos 42 anos de idade), destacam-se Sobre o Conceito da Ironia (1841), Discursos Edificantes (1843/44), Ou, Ou - Um fragmento de Vida (1843), onde encontramos o delicioso "Diário de um Sedutor"(Estou ainda lendo este, em breve postarei alguns fragmentos que me encantaram e, certamente, seduziram!),  Temor e Tremor (1843), A Repetição (1843), O Conceito da Angústia (1844), Etapas no Caminho da Vida (1845) e O Desespero Humano (1849).

"Assim como talvez não haja, dizem os médicos, ninguém completamente são, também se poderia dizer, conhecendo bem o homem, que nem um só existe que esteja isento de desespero, que não tenha lá no fundo uma inquietação, uma perturbação, uma desarmonia, um receio de não se sabe o quê de desconhecido ou que ele nem ousa conhecer, receio de uma eventualidade exterior ou receio de si próprio; tal como os médicos dizem de uma doença, o homem traz em estado latente uma enfermidade da qual, num relâmpago, raramente um medo inexplicável lhe revela a presença interna."
Kierkgaard, O Desespero Humano.


Para conhecer mais a obra de Kierkgaard, acesse a página da Stanford Encyclopedia of Philosophy, aqui no original em inglês, ou este ensaio do UOL - Existencialimo Sites, em português.

Para ler citações e frases do autor, vai aqui  e aqui.


Sempre o Careca...


"Pensamos que os sentimentos são imutáveis, porém todos os sentimentos, e especialmente os mais nobres e desinteressados, tem uma história. Pensamos que o corpo, em qualquer circunstância, obedece às leis exclusivas da fisiologia e escapa à influência da história, porém isto também é falso. O corpo está moldado por uma grande vairedade de regimes distintos entre si, é desgastado pelos ritmos do trabalho, do repouso e das férias; é envenenado pela comida ou pelos valores, através da ingestão de hábitos ou leis morais; ele gera resistências." 
Michel Foucault, "História da Sexualidade - A Vontade de Saber"

terça-feira, 1 de maio de 2012

Manias

Será que existe alguma área da Psicologia que explique o fascínio que esses vidrinhos exercem sobre mim?? Sempre gostei de coleções, de pedras, rolhas, conchas, bonecas, sapatos... Mas a paixão por esmaltes, principalmente estes lindinhos da Chanel, superam todas as outras manias!!!
Coisas de mulher! Será que Freud explica???

Tudo começou com o Particuliére, que hoje já está bem difícil de comprar...



E continuou com os maravilhosos tons de azul...



Essa semana ganhei mais três, e continuo na dúvida de quais outras cores da fantástica cartela de primavera (européia) escolher...

Bom pensar em coisas fúteis e mulherzinha de vez em quando, a vida de estudante está complicada... Pode me chamar de fashion victim, fútil ou o que for, mas o fascínio pela marca, pelas cores, pelo cheirinho, me fazem suportar quaisquer críticas...


Simplesmente amo!








sábado, 28 de abril de 2012

Histórias de Pescador - Uma grande lição



“(...) a observação mais completa dos fenômenos é a do observador participante. Uma pesquisa é um compromisso afetivo, um trabalho ombro a ombro com o sujeito da pesquisa. E ela será tanto mais válida se o observador não fizer excursões saltuárias na situação do observado, mas participar de sua vida.”
Eclea Bosi


No período passado tivemos a oportunidade de aventurar-nos no mundo da pesquisa de campo, pela primeira vez, pelas mãos da nossa querida Alessandra Daflon, professora de Psicologia e História  Social do Trabalho. Foi, sem dúvida, a coisa mais gratificante que fiz na faculdade até agora. Nos foi proposto um projeto de pesquisa (e execução da mesma, que por problemas de tempo, configurou-se como uma mini pesquisa) sobre o tema do trabalho em nossa cidade.

 Deveríamos escolher uma profissão ou modalidade de trabalho que existe em nosssa comunidade e ir atrás das pessoas que exercem essa atividade, para descobrir como esta experiência se dá. Nós tivemos total liberdade para escolher o que gostaríamos de pesquisar, e como abordaríamos o tema, sempre com a orientação e o precioso auxílio da nossa mestra. Nosso grupo escolheu pesquisar sobre a atividade pesqueira artesanal no nosso município, principalmente por ser uma das mais antigas e formadoras da identidade da nossa cidade. 

 Ao eleger o trabalho dos pescadores de Rio das Ostras como nosso objeto para esta breve pesquisa foi considerada a importância histórico-cultural da atividade da pesca na formação política e social do município e a evidente transformação que esta atividade vem sofrendo em consequência da expansão de outras atividades econômicas em nossa região, principalmente a indústria de óleo e gás e a indústria de pesca de grande porte, considerada predatória, pois tais atividades representam séria ameaça à continuidade do trabalho da pesca artesanal.


 Entendendo que a pesca tem função não só de subsistência, mas de elemento central na formação do grupo, conhecer os detalhes da atividade pesqueira dessa comunidade implica em conhecer sua cultura e suas relações de trabalho. Implica, desta forma, conhecer sua história, seu passado, e como esta história a conduziu até o presente, e quais perspectivas de futuro podem ser traçadas a partir dos acontecimentos presentes.

Ao longo da execução de nosso projeto de pesquisa percebemos que a questão do trabalho dos pescadores na verdade constitui uma questão política atual, que envolve a possibilidade de extinção desta atividade na região, por fatores econômicos e sociais. Ficou claro que a intervenção da indústria do petróleo e gás e a crescente urbanização do município coloca em risco a manutenção da atividade pesqueira e da cultura da pesca artesanal na região. A partir disso, nosso olhar sobre o trabalho da pesca passa, então, a tentar compreender como essa atividade se constituiu, como se apresenta hoje, e quais perspectivas são possíveis para o futuro.

Depois de fazer um levantamento de dados sobre o histórico da pesca na cidade e no Brasil, e tentar aprender o máximo que podíamos no curto espaço de tempo que tivemos disponível, fomos a campo para conhecer e entrevistar estes trabalhadores, aprender sobre sua realidade e tentar tecer nossas conclusões sobre as condições do trabalho deles e as dificuldades (muitas!) que enfrentam. Nosso objetivo era, além do obrigatório relatório escrito, produzir um pequeno documentário em vídeo que retratasse a situação dos pescadores em Rio das Ostras atualmente.O resultado está aí, pelo menos o docuoementário, que está a disposição no You Tube. Abaixo segue o link para o trabalho completo, para quem se interessar em ler o nosso relatório final.


Bom trabalho, galera, agora vamos continuar a pesquisa, e quem sabe, publicar nosso artigo!

 





quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ensinamento Essencial


Pelo prazer de ler!!!


Tudo que eu queria era ter tempo pra ficar assim, relaxando e lendo só o que me dá prazer... Ultimamente são tantos textos, seminários, apresentações, que não sobra tempo pra ler o que gosto! E na verdade, este período não tem me motivado muito... por isso a falta de novos posts...
Estou fazendo um esforço pra retomar as atividades do blog, mas não quero que seja mais uma obrigação em meio a tantas que já tenho! O objetivo da coisa toda foi me divertir e dar asas à minha liberdade de expressão (ou de não expressar nada!).
Então hoje estou aqui pensando sobre o que escrever, com mil idéias mas nada se concretiza na telinha.
Aí olhei pro lado e vi a pilha de livros que tenho na minha cabeceira, esperando pra serem lidos "quando der tempo". E me dei conta: o tempo é já!!! A vida é hoje!!! Pra que ficar esperando???
Picture upoloaded from Pinterest.com


Como diz a foto aí: quando a famosa frase "você nunca terá tempo suficiente para ler tudo que quer" te apavora!

Então, apesar de ainda ter alguns textos para botar em dia, resolvi atacar minha estante e dividir a lista com vocês. E ver quantos vou conseguir ler antes do final do período!

No final de semana passado comecei a ler "Conversa Sobre o Tempo", de Arthur Dapieve com Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo, um livro-entrevista, uma delícia. Fiquei no segundo capítulo. Hoje à noite vai pra cama comigo, chega de textos de Entrevista Psicológica, Percepçao e Psicanálise!

A lista, então: (aceitando sugestões dos meus leitores, que a essa altura devem ser uns 2 ou 3...)

  • "O homem e seus símbolos", C.G. Jung
  • "Carl Gustav Jung, uma biografia", Frank McLynn
  • "A arqueologia do saber", Michel Foucault
  • "Introdução à Psicologia do Ser", Abraham Maslow
  • "A Condição Humana", Hanna Arendt
  • "Édipo", J.D.Nasio
  • "Realismo e Existencialismo", Georg Lukács
  • "O Crepúsculo dos Ídolos", Nietzsche
  • "O Cemitério de Praga", Umberto Eco (presente de Natal de 2011 que ainda nem abri!!!)
E agora, vocês me dão licença mas eu vou ler um pouquinho ali e depois eu volto! Boa leitura a todos!!


sábado, 28 de janeiro de 2012

Eu Lírico

Eu e os outros
Eu não sou eu nem sou outro
Sou uma forma de intermezzo 
Me encontro ali, na fronteira
Entre o que me e próprio
Se é que algo 
E o resultado das minhas experiências 
do vivido 
do sentido 
do lembrado 
do herdado 
Parodiando o poeta 
Tenho duas mãos (que são minhas) 
e o sentimento do mundo
que esta em mim
sou eu 
E os outros? 
São os outros e só.

 Achei essa tentativa de poesia no meu caderno do segundo período, parte de uma atividade que fizemos na aula de Psicologia Social 1. Fomos convidados a produzir qualquer forma de trabalho artístico, fosse desenho, poesia, texto, etc. Como meu instrumento de escolha é sempre a palavra, acabou saindo esse poemito.

Na aula em questão discutíamos as idéias de Walter Benjamin apresentadas no ensaio "A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica", na minha opinião um dos melhores textos deste semestre. Vamos comentar sobre esse ensaio e a disciplina de Psi Social em outro post, por enquanto fica meu poema e a sua inspiração, uma canção da linda Adriana Calcanhoto, por sua vez inspirada em um poema de Mário de Sá Carneiro, um dos heterônimos do grande poeta Fernando Pessoa (meu favorito). Como dizia o Benjamin, em uma era em que nada se cria e tudo se copia, vamos pelo menos divulgar as inspirações, não é?



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Retornando às atividades...


Poster da Etsy Shop ( www.etsy.com )

Pra começar o ano, vamos logo deixar bem claras as regras da casa! E então, retomamos as atividades!
Pois é, o blog foi abandonado lá em Outubro, como podem ver pelo tema da última postagem, por conta da correria da faculdade, trabalhos, provas,e as outras atividades da vida atribulada desta "blogueira to be". Sei que pra isso não tem perdão, mas começamos o ano com muito gás e muita vontade de compartilhar com todos nossas aventuras, acadêmicas ou nem tanto...

Entre as resoluções de Ano Novo (que pretendo cumprir!) estava "reativar o blog e postar pelo menos uma vez por semana", agora é cumprir o prometido! É claro, tentando produzir um conteúdo interessante, relevante e INÉDITO, coisa difícil em nossos dias de retwitt, share, etc.

Temos ainda duas semanas de férias antes do início do próximo período da universidade, acho que ainda dá tempo de fazer uma curta retrospectiva do segundo semestre. Ah, mas tem tantas outras coisas que eu quero mostrar pra vcs!!! Acho que este ano o blog vai passar por uma pequena "reformulação" de conteúdo, vou continuar postando sobre a Universidade, psi e assuntos relacionados, mas acho que diversidade nos assuntos só vai me fazer bem!!! Vamos falar bastante de moda, decór, estilo, música, ideias, tendências, enfim, todas essas coisas "mulherzinha" que eu gosto tanto, pra não fica só na nerdice...

Desafio lançado, mãos à obra! E que venha 2012! Por que afinal, não acreditamos que o mundo vai acabar, né???