domingo, 5 de junho de 2011

Em busca do Psi

    Este post era pra ser o primeiro do blog, pois ao ingressar na faculdade de Psicologia e aprender que o tridente de Netuno, a letra grega Psi, é o símbolo deste saber, comecei a pensar nos seus significados e achei interessante escrever sobre ele.
Mas ao pesquisar sobre o tema, descobri que quase tudo já foi escrito em outros blogs, e que não era uma ideia nem um pouco original para um post!  No blog quase gêmeo deste (sorry pela pretensão!), Anima, - lindo e informativo, uma delícia de ler! - tem um post bem completo e muito esclarecedor sobre a origem do símbolo, que explica como o psi foi parar nas camisetas dos estudantes de psicologia mundo afora.  Mesmo sendo meio “batido”, achei que ainda seria válido dar minha contribuição, pois para mim o velho símbolo de Poseidon só trazia seu significado astrológico, aliás, muito rico.
Venice, Italy - By Todd Gipstein
 Desde muito pequena me sinto atraída pelo mar, pelas profundezas (da alma, do ser, das coisas, e do oceano inclusive), sendo eu mesma uma escorpiana, signo regido por Plutão, irmão e bem parecidinho com Netuno, pois ambos os planetas regem os processos mentais, conscientes e inconscientes.  Ao saber que o mesmo símbolo está relacionado aos estudos da psique humana, da sicentia de anima, como diziam os antigos, e aos processos inconscientes e mais profundos do indivíduo, parece que todas as fichas caíram. É claro que tinha que ser o símbolo da psicologia! Então, vejamos:
Diz-nos Jung que “a compreensão da criação de símbolos (origem no grego σύμβολον –sýmbolon)  é crucial para o entendimento da natureza humana”. Ψ ou psi é a vigésima terceira letra do alfabeto grego, correspondente ao fonema "psi" e ao número 17.
Estudar psicologia sem entender o significado profundo do seu símbolo representativo significa perder um elemento essencial para sua compreensão.  Embora este seja o começo da explicação sobre seu significado, não podemos esquecer que a letra "psi" tem uma historia e está associada a realidades muitos profundas, expressas a través da mitologia da cultura grega e romana, principalmente.  A letra Ψ é o principal símbolo representativo de Deus Poseidon (ou Netuno em Latim).
O Senhor das Profundezas rege não somente os mares, mas as profundezas do homem, e o inconsciente é o seu domínio. Seu símbolo, o tridente, originalmente representava sua força divina, usando como arma de guerra para se apoderar da alma dos seus detratores, para fazer  tremer a terra e surgir os mares, sendo que foi através desse processo que, segundo o mito grego, Poseidon deu de presente ao homem o cavalo. Agora sei também que as pontas do tridente  podem ser relacionadas a alguns conceitos bem importantes de psicanálise (as pulsões) e às correntes atuais da psicologia moderna (ver post no “Anima”), muito curioso!
O mar, por extensão, sempre significou o inconsciente, o desconhecido onde os homens podem se perder, se afogar, mas também podem buscar alívio para os seus males, buscar calma e serenidade (basta lembrar quantas pessoas, em todo o mundo, associam férias à praia!). Lembro de ouvir meu pai dizendo que “todo louco se acalma perto do mar”, ou ao contrário, se perde de vez em sua viagem interior. Pra mim, estar perto do oceano sempre trouxe paz e tranquilidade, e toda vez que preciso refletir, resolver um problema, ou  simplesmente quando estou triste e precisando ficar bem comigo mesma, uma boa caminhada na praia e alguns momentos olhando o mar trazem alívio e muitas vezes,  a solução.
 Então, foi muito significativo e interessante saber que o símbolo de Netuno é também o símbolo da profissão que eu escolhi, guiada por um forte desejo de mergulhar nas profundezas da alma humana em geral (e da minha em particular!). Pois como diz Fernando Pessoa naquele famoso poema onde diz também que tudo vale a pena se a alma não é pequena,

“Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu”
“Mar Portugûes”,1935


Trilha sonora para este post: 1."Beira Mar", Zé Ramalho,  "Antologia Acústica", 1997, BMG. 2. "Deep Ocean Vast Sea", Peter Murphy, "Deep", 1989

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