Eu não sou eu nem sou outro
Sou uma forma de intermezzo
Me encontro ali, na fronteira
Entre o que me e próprio
Se é que algo
E o resultado das minhas experiências
do vivido
do sentido
do lembrado
do herdado
Parodiando o poeta
Tenho duas mãos (que são minhas)
e o sentimento do mundo
que esta em mim
sou eu
E os outros?
São os outros e só.
Achei essa tentativa de poesia no meu caderno do segundo período, parte de uma atividade que fizemos na aula de Psicologia Social 1. Fomos convidados a produzir qualquer forma de trabalho artístico, fosse desenho, poesia, texto, etc. Como meu instrumento de escolha é sempre a palavra, acabou saindo esse poemito.
Na aula em questão discutíamos as idéias de Walter Benjamin apresentadas no ensaio "A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica", na minha opinião um dos melhores textos deste semestre. Vamos comentar sobre esse ensaio e a disciplina de Psi Social em outro post, por enquanto fica meu poema e a sua inspiração, uma canção da linda Adriana Calcanhoto, por sua vez inspirada em um poema de Mário de Sá Carneiro, um dos heterônimos do grande poeta Fernando Pessoa (meu favorito). Como dizia o Benjamin, em uma era em que nada se cria e tudo se copia, vamos pelo menos divulgar as inspirações, não é?