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terça-feira, 7 de junho de 2011

Foucault, Nietzsche, a Genealogia e a Busca da Verdade – Entendeu, Calouro??

O primeiro texto estudado por nós, neste primeiro período  da Psicologia, foi  “Nietzsche, a Genealogia e a História", do filósofo (e psicólogo!) francês Michel Foucault.  Para minha surpresa, este texto  nos ajudou a compreender (ou será que ajudou a confundir??) conceitos que nos estavam sendo apresentados pela primeira vez (para a maioria dos alunos, acho eu!) em disciplinas, e as discussões sobre ele estiveram presentes em muitas aulas. Acho que todos vão lembrar do comentário “esse texto é pra vida toda”, feito pelo professor João... E da Marina, hahaha!!!
Brincadeiras a parte, realmente é um texto essencial para o entendimento das colocações de Foucault e de toda uma linha de pensamento sobre como entendemos e buscamos a verdade dos fatos históricos e a verdade acerca do homem.

No princípio um tanto confusos com aquelas imagens “a genealogia é cinza, a metafísica é azul”, o “acontecimento”, “não há certezas”, “a verdade é uma construção e um jogo de poder” e um monte de palavras em alemão!!??(que diabos é metafísica, o que é um acontecimento? Como assim não há certezas?  What the hell is Ursprung, Entestehung? E não, não estamos estudando sobre a família de ninguém!), aos poucos fomos  lendo, conversando, digerindo aquilo tudo e as fichas caindo, eu acho.
Na primeira prova do Prof. Pedro Cattapan (Psicologia e História Social), nos foi proposta a seguinte questão:

O que Foucault entende por Genealogia?

Transcrevo abaixo a minha resposta, já avaliada pelo teacher, é claro, e com algumas “pós-edições” no conteúdo:
“A Genealogia, segundo Foucault , é uma visão crítica sobre a história. Esta visão difere muito da concepção tradicional de História linear (tal como aprendemos na escola), a qual pressupõe uma continuidade dos fatos históricos desde uma origem (a tal de “Ursprung”) até o presente.
A Genealogia se caracteriza por não ser linear, e sim considerar o devir histórico como uma série de acontecimentos singulares que fazem a história, e que devem ser analisados e considerados na sua particularidade, e não de forma causal  (um fato causou outro, que causou outro, etc.).
Para a Genealogia interessam os conflitos, as lutas pelo poder (“invasões, disfarces, astúcias”), a novidade que quebra certa previsibilidade existente: é a partir da emergência de conflitos (“Entestehung”), guerras e rupturas de regras que surgem novos paradigmas, novas regras, as quais, provocando mudanças, fazem a história.
Quando Foucault, citando a primeira dissertação de Friederich Nietzsche em sua obra “Para Uma Genealogia Da Moral”, diz que
“A genealogia é cinza; ela é meticulosa e pacientemente documentária. Ela trabalha com pergaminhos embaralhados, riscados, várias vezes reescritos.”
 ele nos oferece a bela imagem de uma visão dos fatos históricos que não é clara, precisa e previsível como os historiadores tradicionais nos fizeram por muito tempo acreditar.
A Genealogia, então, se coloca como um método de pensar a história considerando todos os seus disparates e confusões, buscando não a origem dos fatos, sua cronologia, mas a sua importância para entendermos o presente, ou seja, onde a história nos trouxe.
Sendo assim, não teríamos apenas uma compreensão da História, e sim, diversas “histórias” que trazem à tona não uma verdade única e inquestionável, mas a verdade na história de cada um. ”
Lembrando que toda a questão do pensamento foucaultiano está colocada na busca pela verdade do conhecimento, da verdade das coisas, cabe aqui uma citação sobre como devemos lançar o nosso olhar sobre a história:

“Se interpretar era colocar lentamente em foco uma significação oculta na origem, apenas a metafísica poderia interpretar o devir da humanidade. Mas se interpretar é se apoderar por violência ou sub-repção, de um sistema de regras que não tem em si significação essencial, e lhe impor uma direção, dobrá-lo a uma nova vontade, fazê-lo entrar em outro jogo e submetê-lo a novas regras, então o devir da humanidade é uma série de interpretações. E a genealogia deve ser a sua história.” ("Microfísica do Poder", 23o. Edição. Graal. Cap 2, Pág. 26)

Trilha Sonora para este post: Só podia ser esta, "Gaiola das Cabeçudas", by Comédia MTV