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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pelo prazer de ler!!!


Tudo que eu queria era ter tempo pra ficar assim, relaxando e lendo só o que me dá prazer... Ultimamente são tantos textos, seminários, apresentações, que não sobra tempo pra ler o que gosto! E na verdade, este período não tem me motivado muito... por isso a falta de novos posts...
Estou fazendo um esforço pra retomar as atividades do blog, mas não quero que seja mais uma obrigação em meio a tantas que já tenho! O objetivo da coisa toda foi me divertir e dar asas à minha liberdade de expressão (ou de não expressar nada!).
Então hoje estou aqui pensando sobre o que escrever, com mil idéias mas nada se concretiza na telinha.
Aí olhei pro lado e vi a pilha de livros que tenho na minha cabeceira, esperando pra serem lidos "quando der tempo". E me dei conta: o tempo é já!!! A vida é hoje!!! Pra que ficar esperando???
Picture upoloaded from Pinterest.com


Como diz a foto aí: quando a famosa frase "você nunca terá tempo suficiente para ler tudo que quer" te apavora!

Então, apesar de ainda ter alguns textos para botar em dia, resolvi atacar minha estante e dividir a lista com vocês. E ver quantos vou conseguir ler antes do final do período!

No final de semana passado comecei a ler "Conversa Sobre o Tempo", de Arthur Dapieve com Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo, um livro-entrevista, uma delícia. Fiquei no segundo capítulo. Hoje à noite vai pra cama comigo, chega de textos de Entrevista Psicológica, Percepçao e Psicanálise!

A lista, então: (aceitando sugestões dos meus leitores, que a essa altura devem ser uns 2 ou 3...)

  • "O homem e seus símbolos", C.G. Jung
  • "Carl Gustav Jung, uma biografia", Frank McLynn
  • "A arqueologia do saber", Michel Foucault
  • "Introdução à Psicologia do Ser", Abraham Maslow
  • "A Condição Humana", Hanna Arendt
  • "Édipo", J.D.Nasio
  • "Realismo e Existencialismo", Georg Lukács
  • "O Crepúsculo dos Ídolos", Nietzsche
  • "O Cemitério de Praga", Umberto Eco (presente de Natal de 2011 que ainda nem abri!!!)
E agora, vocês me dão licença mas eu vou ler um pouquinho ali e depois eu volto! Boa leitura a todos!!


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sobre a Linguagem


Pessoal, nas duas últimas aulas de Linguagem do Marcelo estivemos lendo o texto de Robert J. Sternberg sobre a Natureza da Linguagem e sua Aquisição. Inspirada, resolvi estudar um pouquinho sobre o assunto e, novamente, a Tia Marilena foi de grande ajuda. Transcrevo abaixo um fragmento do capítulo 5 do "Convite à Filosofia", pois acho que completa e explica muito do que viemos discutindo em sala. Vou dividir em mais de um post porque tem muita coisa, e como tudo é muito interessante, fica difícil resumir sem perder o fio da meada!!

 
A importância da linguagem

Na abertura de sua obra Política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (phone) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom  e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e, dele, somente os homens são capazes.

Na mesma linha é o raciocínio de Rosseau no primeiro capítulo do "Ensaio sobre a origem das línguas":
“A palavra distingue os homens e os animais; a linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha falado.” (Jean-Jacques Rosseau, 1712 – 1778)
Escrevendo sobre a teoria da linguagem, o linguista Hjelmslev afirma que “a linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos”, sendo
“o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base mais profunda da sociedade humana.”
Prosseguindo em sua apreciação sobre a importância da linguagem, Rosseau considera que a linguagem nasce de uma profunda necessidade de comunicação:
“Desde que  o homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio, o desejo e a necessidade de comunicar-lhes seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isto.”
Gestos e vozes, na busca da expressão e da comunicação, fizeram surgir a linguagem.
Por seu turno, Hjelmslev afirma que a linguagem é
“o recurso último e indispensável do homem, seu refúgio nas horas solitárias em que o espírito luta contra a existência, e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e na meditação do pensador.”
A linguagem, diz ele, está sempre à nossa volta, sempre pronta a envolver nossos pensamentos e sentimentos, acompanhando-nos em toda nossa vida. Ela não é um simples acompanhamento do pensamento, “mas sim um fio profundamente tecido na trama do pensamento”, é “o tesouro da memória e a consciência vigilante transmitida de geração a geração.”

A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação , da relação com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes.

No entanto, no diálogo Fedro, Platão dizia que a linguagem é um pharmakon. Esta palavra grega, que em português se traduz por poção, possui três sentidos principais: remédio, veneno ou cosmético. (neste link, um site maravilhoso sobre Platão com os diálogos comentados, muito interessante - pra quem gosta da filosofia, é claro!)

Ou seja, Platão considerava que a linguagem pode ser um medicamento ou um remédio para o conhecimento, pois pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar, fascinados, o que vimos ou lemos, sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas. Enfim, a linguagem pode ser cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras. A linguagem pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser encantamento-sedução.


"The Tower of Babel", Brueghel, 1563 - Oil on panel, Kunsthistoriches Museum, Vienna.

Essa mesma ideia da linguagem como possibilidade  de comunicação-conhecimento e de dissimulação-desconhecimento aparece na Bíblia judaico-cristã, no mito da Torre de Babel, quando Deus lançou a confusão entre os homens, fazendo com que perdessem a língua comum e passassem a falar línguas diferentes, que impediam uma obra em comum, abrindo as portas para todos os desentendimentos e guerras. A pluralidade das línguas é explicada, na Escritura Sagrada, como punição porque os homens ousaram imaginar que poderiam construir uma torre que alcançasse o céu, isto é, ousaram imaginar que teriam um poder e um lugar semelhante ao da divindade. “Que sejam confundidos”, disse Deus.

A origem da linguagem


Durante muito tempo a filosofia preocupou-se em definir a origem e as causas da linguagem.
Vaso Grego, Séc IV a.C.
 Uma primeira divergência sobre o assunto surgiu na Grécia: a linguagem é natural aos homens (é inata, existe por natureza?) ou é uma convenção social (aprendida?)? Se a linguagem for natural, as palavras possuem um sentido próprio e necessário; se for convencional, são decisões consensuais da sociedade e, nesse caso, são arbitrárias, isto é, a sociedade poderia ter escolhido outras palavras para designar as coisas.

Essa discussão levou, séculos mais tarde, à seguinte conclusão: a linguagem, como capacidade de expressão dos seres humanos, é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica, nervosa e cerebral que lhes permite expressarem-se pela palavra; mas as línguas são convencionais, isto é, surgem de condições históricas, geográfica, econômicas e políticas determinadas, ou , em outros termos, são fatos culturais. Uma vez constituída uma língua, ela se torna uma estrutura ou um sistema dotado de necessidades internas (sintaxe), passando a funcionar como se fosse algo natural, isto é, como algo que possui suas leis e princípios próprios, independentes dos sujeitos falantes que a empregam.


Perguntar pela origem da linguagem levou a quatro tipos de respostas:

  1.  A linguagem nasce por imitação, isto é, os humanos imitam, pela voz, os sons da Natureza. A origem da língua seria, portanto, a onomatopeia ou imitação dos sons animais e naturais.
  2.  A linguagem nasce por imitação dos gestos, isto é , nasce como uma espécie de pantomima ou encenação, na qual o gesto indica um sentido. Pouco a pouco, o gesto passou a ser acompanhado de sons e estes se tornaram gradualmente palavras, substituindo os gestos.
  3. A linguagem nasce da necessidade: a fome, a sede, a necessidade de abrigar-se e proteger-se, a necessidade de reunir-se em grupo para defender-se das intempéries, dos animais e de outros homens mais fortes levaram à criação de palavras, formando um vocabulário elementar e rudimentar, que, gradativamente, tornou-se mais complexo e transformou-se numa língua;
  4. A língua nasce das emoções, particularmente do grito (medo, surpresa ou alegria), do choro (dor, medo, compaixão) e do riso (prazer, bem-estar, felicidade).

     Citando novamente Rousseau em seu “Ensaio sobre a origem das línguas”:

“Não é a fome ou a sede, mas o amor ou o ódio, a piedade, a cólera, que aos primeiros homens lhes arrancaram as primeiras vozes... Eis por que as primeiras línguas foram cantantes e apaixonadas antes de serem simples e metódicas.”

Assim, a linguagem, nascendo das paixões, foi primeiro linguagem figurada e por isso surgiu como poesia e canto, tornando-se prosa muito depois; e as vogais nasceram antes das consoantes. Assim como a pintura nasceu antes da escrita, assim também os homens primeiro cantaram seus sentimentos e só muito depois exprimiram seus pensamentos.


Essas teorias não são excludentes. É muito possível que a linguagem tenha nascido de todas essas fontes ou modos de expressão, e os estudos de Psicologia Genética (isto é, da gênese da percepção, imaginação, memória, linguagem e inteligência nas crianças) mostram que uma criança se vale de todos esses meios para começar a exprimir-se. Uma linguagem se constitui quando passa dos meios de expressão aos de significação, ou quando passa do expressivo ao significativo.

Mas isso já é assunto para outro post, que esse já está bem grandinho!

Para terminar, já que a autora afirma que os homens primeiro cantaram seus sentimentos, uma musiquinha do velho Mano Caetano que expressa muito bem sentimentos, pensamentos e emoções acerca da nossa língua pátria, “a última flor do Lácio”, sempre citada nas nossas aulas, sejam de Linguagem ou Filosofia!!!


 


Referência Bibliográfica: CHAUÍ, Marilena. "Convite à Filosofia". Rio de Janeiro. Editora Ática. 1997.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dica de Leitura

Estou encantada com o pequeno livro "Cartas a um Jovem Terapeuta" que a nossa profe de TSPII (Psicanálise) nos indicou como leitura complementar. Comparada com o vocabulário e os termos psicanalíticos dos textos de Freud, a prosa de Calligaris é uma delícia... Não é que eu não esteja gostando do Dr. Freud, mas vamos combinar que tem coisas mais fáceis de ler! 
Neste livrinho, Contardo Calligaris nos apresenta, através de cartas escritas a dois terapeutas que estão no início da sua profissão (ou formação, não fica bem claro no texto), os dilemas da profissão e compartilha as suas experiências com muita franqueza.
Na contracapa do livro encontrei uma ótima definição (para isso se faz contracapa!): "Este livro não é um manual, mas pode ser um bom companheiro para todos aqueles que estão iniciando ou consideram iniciar sua formação de psicoterapeuta, assim como para os profissionais já atuantes e, no fundo, para qualquer um que se interesse pela psicoterapia. Se você está no início de sua vida profissional, leia para imaginar um futuro; se está no meio do caminho, leia para descobrir percursos diferentes e realinhar suas expectativas; se está mais perto do final, leia para se surpreender com quanto ainda há para ser feito, para refletir sobre sua vida pessoal e, por que não, para inventar uma nova carreira". Parece meio megalômano, mas ao ler o livro, percebo que é isso mesmo!
Um pouquinho do Calligaris para você entender melhor do que estou falando:

"(...) meu jovem amigo que pensa em ser terapeuta, se você sofre, se seus desejos são um pouco (ou mesmo muito) estranhos, se (graças à sua estranheza) você contempla com carinho e sem julgar (ou quase) a variedade das condutas humanas, se gosta da palavra e se não é animado pelo projeto de se tornar um notável de sua comunidade, amado e respeitado pela vida afora, então, bem-vindo ao clube: talvez a psicoterapia seja uma profissão para você."

Contardo Calligaris
 Mais um pouquinho:
 "Em suma, muito mais que a vontade de ensinar os outros e de mexer com suas vidas, é importante a aceitação carinhosa da variedade das vidas com todas as suas diferenças."
E além de bom escritor, ele é muito charmoso! Como já disse antes, uma verdadeira delícia! Fik a dik!

Referência Bibliográfica: CALLIGARIS, Contardo: Cartas a um jovem terapeuta. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ser ou Ter?


Ainda da série "dicas de férias", o post de hoje é sobre um livro que vem me acompanhando a quase duas semanas (comprei na La Selva do aeroporto, já li e continuo relendo algumas partes), "Sócrates Jesus e Buda - Três mestres de Vida", do francês Frédéric Lenoir. O livro é fascinante em muitos aspectos, pois, baseando-se em uma bem fundamentada pesquisa, o autor tenta entender por que os ensinamentos de Sócrates, Jesus e Buda sobre responsabilidade individual e tolerância continuam tão pertinentes. O autor descobre que eles têm muito em comum, e que a base de suas ideias está na noção de uma busca espiritual que foi determinante para a criação de um novo tipo de homem: um indivíduo autônomo, responsável por suas escolhas e ações.

Contra uma visão puramente materialista do homem e do mundo, Sócrates, Jesus e Buda são três mestres de vida. Suas palavras derrubaram preconceitos, dogmas e costumes, e atravessaram séculos sem envelhecer.
Já no Prólogo o autor "me ganhou", propondo uma reflexão sobre os rumos da modernidade e a eterna questão: ser ou ter? Como o prólogo é muito grande pra transcrever aqui (estou seriamente tentada a postar tudo..), segue uma citação que me pareceu muito pertinente, e que me deixou morrendo de vontade de ler mais:
"Buda, Sócrates e Jesus são os fundadores do que eu chamaria de "humanismo espiritual". O filósofo Karl Jaspers dedicou-lhes o primeiro tomo de sua história da filosofia (acrescentando Confúcio) e os considera "aqueles que deram a medida do humano". O que pode haver de mais necessário e atual diante da urgência de reconstrução de uma civilização que se tornou planetária? Um planeta excessivamente dilacerado entre uma visão puramente mercantil e materialista de um lado, e um fanatismo e um dogmatismo religioso de outro. Duas tendências aparentemente contrárias e que, não obstante, têm tudo para levar o mundo ao caos, mantendo o ser humano na lógica do "ter", da obediência infantilizante e da dominação; Estou convencido de que apenas a busca do "ser" e da responsabilidade - individual e coletiva- pode nos salvar de nós mesmos. É o que nos ensinam,há mais de dois milênios, cada um a seu modo, Sócrates, o filósofo ateniense, Jesus, o profeta judeu palestino, e Sidarta, chamado Buda, o sábio indiano."
Além de ser de fácil leitura, o livro faz com que nos questionemos sobre questões fundamentais a respeito do que é o conhecimento verdadeiro, o que somos, a busca pela verdade, o que é a justiça, e sobretudo, a importância  do amor e da compaixão. Enfim, tudo aquilo que, parafraseando Nietzsche, nos faz demasiado humanos. Mesmo  pra quem não gosta muito de filosofia ou religião, é uma boa leitura! 
Fik a dik...

"Jesus Christ Superstar", 1973


Referências e Links para este post:
Lenoir, Frédéric. Sócrates, Jesus, Buda: três mestres de vida. tradução Vera Lucia dos Reis - Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

Trilha Sonora: My favorite song from the musical "Jesus Christ Superstar", de 1973, "I don't know how to love him", sung by the unforgettable Yvonne Elliman, former backing vocal for Eric Clapton's band and many other famous groups.