domingo, 16 de outubro de 2011

Dia dos Professores



Hoje foi o Dia dos Professores, dia de homenagear todos aqueles que se esforçam para ensinar neste país. É até uma ironia falar deste dia de homenagem em um país que não valoriza a educação, onde, historicamente, a profissão de professor só é alternativa para alguns poucos que dão aulas por vocação mesmo, por que não sabem e não querem fazer outra coisa. Cada vez menos estudantes querem ser professores, por que será??? Salário indigno, péssimas condições de trabalho, e nos tempos de loucura que vivemos, até risco de vida...

Ser professor exige dedicação, preparo, horas de estudo, tempo, paciência, e, mais que tudo, amor pelo saber, vontade de contribuir para o crescimento individual dos alunos e da sociedade. Ser professor significa passar horas (muitas vezes do final de semana, em casa, sem remuneração) corrigindo trabalhos e provas, pesquisando para fazer o conteúdo mais interessante e suas aulas mais agradáveis...

Eu sou filha de professores, e quando criança adorava poder ir para a escola com a minha mãe, e ficar bem quietinha lá no fundo da sala (desde então gosto do fundão!), observando tudo, rabiscando quando eu ainda não sabia escrever, depois fazendo as minhas tarefas de escola. Adorava escrever com giz colorido no quadro verde, e quando minha mãe me pedia pra fazer a chamada da turma, era a glória!! Com certeza, muitos momentos felizes da minha infância passei dentro de uma escola, seja na sala de aula, no pátio ou na biblioteca!! 


Em casa, uma das brincadeiras favoritas era "de aulinha", com minha propria lousa e caixinha de giz, uma delícia!! Eu e minha prima ficávamos horas dando aula uma pra outra, pras bonecas, pros adultos que quisessem participar da brincadeira... Nessa brincadeira, me alfabetizei com 5 anos, antes do primeiro ano escolar (minha prima é alguns anos mais velha do que eu, me ensinou as primeiras letras!), e conseguimos motivar minha babá, analfabeta, a cursar o MOBRAL (programa do governo para alfabetização de adultos da minha época), pois ela conseguiu aprender um pouquinho brincando com a gente, e lá foi, bem feliz, atrás da sua cidadania!!! Depois de crescida, vi meu pai, já quase se aposentando da advocacia e serviço público, fazer doutorado e concurso para dar aulas na Universidade. Pela pura vontade de estudar e ensinar, por amor ao saber...


Ser professora foi para mim uma escolha quase natural, óbvia. E me sinto muito sortuda de ter tido a oportunidade de crescer em um ambiente que valoriza a educação, a leitura, o amor aos livros, o respeito às ideias alheias, e sobretudo, a valorizar as diferenças...

Hoje eu estou afastada (temporariamente, que fique bem claro) da sala de aula, e tenho saudade dos meus alunos, dos meus colegas, da sala dos professores, das reuniões... Mas estou "do outro lado", estou aluna, indo atrás do meu sonho na universidade, e tendo a chance de conhecer e conviver com professores ótimos, jovens, brilhantes, motivados, que me fazem querer aprender e saber mais e mais a cada dia... Que me fazem ainda pensar: "Quero ser que nem ele(a) quando crescer!", e isso é muito bom!!!! Tenho certeza que logo estarei de volta à docência, gostaria muito de usar a minha experiência e o meu saber para contribuir na formação de outros, sejam professores ou futuros psicólogos. Este objetivo é o que me move e me dá gás pra continuar estudando, lendo, pesquisando, discutindo, aprendendo!

Ouvimos, desde o início do novo governo da Presidenta, que o Brasil está investindo na educação, que esta é a meta mais importante desta gestão. Gostaria muitíssimo de acreditar, de ver realmente investimentos em formação de professores, mais e melhores escolas, aparelhadas com tecnologia, condições para que os professores estejam sempre reciclando seu saber, aprendendo, melhorando junto com os alunos (a educação de qualidade é uma via de mão dupla,  só pode ensinar que aprende também), e principalmente, a valorização dos professores. Salários dignos, incentivos, cursos... Sem alunos tendo aula em containers de aço...

A única  forma de o Brasil realmente dar um salto de desenvolvimento e ser "o país do futuro" que ouvimos falar a tanto tempo é através da educação da sua população, pois é com educação que se  constrói cidadania, participação ativa e mão de obra qualificada. O desenvolvimento da eduação faz com que a saúde e as condições de vida da população melhorem, faz com que todos tenham mais oportunidades de crescimento. Assim, que sabe, possamos atenuar as diferenças sociais tão gritantes no nosso país. Será que estou acreditando numa utopia?? Pode ser, todo professor é um pouco sonhador, mas prefiro acreditar que 
  
"sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade!"

Parabéns e meu sincero MUITO OBRIGADA a todos os meus mestres,  passados e atuais, e tb ao futuros, porque tenho muito chão pela frente nessa caminhada rumo à minha formação!! Acho que eu não vou deixar de ser aluna nunca, hehe!


Deixo  que as palavras do grande Mestre Paulo Freire, que muito ensinou a todos nós, falem por mim:

"Ninguém nega o valor da educação, e que um bom professor é imprescindível. Mas ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores fica o convite para que não se descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem "águias", e não apenas "galinhas". Pois se a educação sozinho não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."                              Paulo Freire


Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O mito de Eco e Narciso

Eco e Narciso
 Eco era uma linda ninfa que amava os bosques e as montanhas. Era a favorita de Diana (Deméter), ajudando-a nas caçadas. Mas Eco tinha um defeito: gostava muito de falar, e fosse uma conversa ou um debate, tinha sempre a última palavra.

Certa vez, Juno (Hera) estava procurando o marido, e tinha razões para suspeitar que ele estivesse se divertindo com as ninfas. Eco, com sua conversa, conseguiu deter a deusa por algum tempo, até que as ninfas pudessem escapar. Quando Juno descobriu o que se dera, sentenciou Eco com as seguintes palavras: “Confiscarei o uso de tua língua, essa com a qual me entretiveste, exceto para um único propósito de que tanto gostas: o de responder. Terás ainda a última palavra, mas não terás o poder de iniciar uma conversa.”.

Essa ninfa viu Narciso, um belíssimo rapaz que caçava sobre as montanhas. Apaixonou-se por ele e seguiu seus passos. Oh, como ela desejou abordá-lo com os ditos mais suaves para conquistar-lhe a atenção! Mas estava impotente para fazê-lo. Esperou com impaciência até que ele falasse primeiro, e já tinha sua resposta pronta. Certo dia, o jovem, estando separado de seus companheiros, gritou alto: “Há alguém aqui?” Eco respondeu: “Aqui!”. Narciso olhou ao redor, mas não vendo viva alma, bradou: “Vem!” Eco respondeu: “Vem!”. Como ninguém veio, Narciso chamou novamente: “Por que me evitas?” e Eco lançou a mesma pergunta. “Vamos nos juntar”, disse o jovem. A donzela respondeu com todo o seu coração, usando as mesmas palavras, e correu ao encontro de Narciso, pronta para abraça-lo. “Tira tuas mãos de mim! Eu preferiria morrer a ser teu”, disse ele, recuando. Depois disso, ela foi esconder sua vergonha no retiro do bosque. Daquele tempo em diante viveu nas cavernas e nas encostas das montanhas. Seu corpo definhou em virtude da tristeza, até que afinal as suas carnes desapareceram. Seus ossos tornaram-se pedras e nada restou de si, exceto a voz. E é assim que ela continua pronta para responder a qualquer pessoa que a chame, mantendo o seu velho hábito de ter sempre a última palavra.

"Narciso", de Caravaggio

A crueldade de Narciso nesse caso não foi um ato isolado. Ele rejeitou todas as demais ninfas, tal como havia feito com a pobre Eco. Um dia, uma donzela que tinha em vão procurado atrai-lo proferiu uma prece em que pedia que alguma vez Narciso sentisse o que é amar sem ser correspondido. A deusa da vingança, Nêmesis, ouviu a prece e consentiu que o pedido se realizasse.

Releitura de Caravaggio, by Vik Muniz

 Havia uma fonte cristalina, da qual jorrava água prateada, para a qual os pastores jamais levavam seus rebanhos, nem os cabritos montanheses frequentavam, nem qualquer outro animal da floresta; a relva crescia renovada ao redor, e as rochas abrigavam-na da luz solar. Para aquele lugar veio Narciso certa vez, cansado da caça, sentindo grande calor e sede. Inclinou-se para beber, e viu sua própria imagem na água. Pensou que se tratasse de algum lindo espírito das águas que residia na fonte. Fixou o seu olhar naqueles olhos brilhantes, naqueles cabelos cacheados como os de Baco ou Apolo, o rosto bem formado, o pescoço de marfim, os lábios abertos, e o viço da saúde e os sinais da prática dos esportes em toda parte. Apaixonou-se por aquela imagem, que era a imagem de si mesmo. Aproximou seus lábios dos lábios da imagem, mergulhou seus braços para envolver o seu amado. Contudo, a imagem se desfez com o toque, voltando a se formar depois de um momento, renovando o estado de fascinação do rapaz. Narciso ficou totalmente fora de si; não mais pensou em alimento ou repouso enquanto se debruçava sobre a fonte, olhando fixamente para a própria imagem. E assim falava ao suposto espírito: “Por que me rejeitas, ser maravilhoso? Certamente minha face não te causa repugnância. As ninfas me amam, e tudo mesmo não pareces estar indiferente a meu respeito. Quando estendo meus braços fazes o mesmo, e sorris quanto sorrio para ti.” Suas lágrimas caíram na água e distorceram a imagem. Quando via que o reflexo ia desaparecendo, exclamava: “Fica, eu te imploro! Deixa-me ao menos manter os meus olhos sobre ti, se não posso tocar-te!”. Com frases como essa e com muitas outras alimentou a chama que o consumiu, e aos poucos ele perdeu a sua cor, seu vigor, e a beleza que anteriormente encantara a ninfa Eco. Esta, todavia, manteve-se próxima a Narciso, e quando ele exclamava “Ai de mim! Ai de mim!”, ela respondia com as mesmas palavras. Narciso definhou e morreu, e quando a sua sombra passou pelo rio Estige, rumo ao Hades, debruçou-se sobre o barco para ver a sua imagem refletida no espelho das águas uma última vez. As ninfas choraram por Narciso, especialmente as ninfas das águas, e quando batiam em seu peito, Eco também batia no seu. Elas prepararam uma pira funerária e teriam cremado o corpo de Narciso, mas este não pôde ser encontrado. Em seu lugar, foi encontrada uma flor, púrpura por dentro, rodeada de folhas brancas, que recebeu o nome e preserva a memória de Narciso.



Referência Bibliográfica:
Bulfinch, Thomas, 1796-1867 - “Bufinch’s Mythology”: texto integral, tradução Luciano Alves Meira. São Paulo: Martin Claret, 2006.

domingo, 2 de outubro de 2011

Mitos e Psi

Estudando psicologia e principalmente a psicanálise, não tem como evitar estudar ou ao menos ficar curioso a cerca dos mitos, que acompanham o homem desde sempre e são inspiração para tantas teorias (complexo de édipo, pulsões - eros e thanatos, narcisismo). Sempre gostei de mitologia, grega primeiro, mas logo todas elas, mitos nórdicos, o nosso imenso e rico folclore brasileiro... Diana, Athena, Eros, Thor, Valhala, a Iara, o Saci, Morgana e Merlin, elfos, fadas, centauros, pégaso...tudo isso fez parte da minha fantasia infantil!

 Stan Lee's Thor, Marvel Comics
Os mitos representam nossa consciência coletiva ancestral, carregam simbologias comuns a quase todas as civilizações. Através deles explicamos e entendemos o mundo ao nosso redor e nós mesmos. 

Recorrendo novamente à prof. Marilena Chauí, aprendemos que o pensamento humano pode ser mítico e lógico: a língua grega possuia duas palavras para referir-se à linguagem: mythos e logos. Ao estudarmos a linguagem e da inteligência que falar e pensar são inseparáveis. Por isso, podemos nos referir a duas modalidades de pensamento, conforme predomine o mythos ou o logos.

A tradição filosófica, sobretudo a partir do século XVIII (com a filosofia da Ilustração) e do séc XIX (com a filosofia da história de Hegel e o positivismo de Comte), afirmava que do mito à lógica havia uma evolução do espírito humano, isto é, o mito era uma fase ou etapa deste espírito humano e da civilização que antecedia o advento da lógica ou do pensamento lógico, considerado a etapa posterior e evoluída do pensamento e da civilização. Essa tradição filosófica fez crer que o mito pertencia a culturas "inferiores", "primitivas" ou "atrasadas", enquanto o pensamento lógico ou racional pertenceria a culturas "superiores", "civilizadas" e "adiantadas".

Diana de Éfeso ou Artemis.
 Hoje, porém, sabe-se que a concepção evolutiva está equivocada.  O pensamento mítico pertence ao campo do pensamento e da linguagem simbólica, que coexistem com o campo do pensamento e da linguagem conceituais. 

Como o mito funciona

O antropólogo Claude Lévi-Strauss estudou o "pensamento selvagem" para mostrar que os chamados selvagens não são atrasados nem primitivos, mas operam com o pensamento mítico.
O mito e o rito, escreve Lévi-Strauss, não são lendas nem fabulações, mas uma organização da realidade a partir da experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição de um mito, Lévi-Strauss se refere a uma atividade que exsite em nossa sociedade e que, em francês se cham bricolage.
Que faz um bricoleur, ou seja, quem pratica bricolage? Produz um objeto novo a partir de pedaços e fragmentos de outros objetos. Vai reunindo, sem um plano muito rígido, tudo o que encontra e que serve para o objeto que está compondo. O pensamento mítico faz exatamente a mesma coisa, isto é, vai reunindo as experiências, as narrativas, os relatos, até compor um mito geral. Com esses materiais heterogêneos produz a explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e suas finalidades, os poderes divinos sobre a Natureza e sobre os humanos.
O mito possui, assim, três características principais:

1. Função explicativa: o presente é explicado por alguma ação passada cujos efeitos permaneceram no tempo. Por exemplo, as chuvas existem porque, nos tempos passados, uma deusa apaixonou-se por um humano e, não podendo unir-se a ele diretamente, uniu-se pela tristeza, fazendo suas lágrimas caírem sbre o mundo, etc.

2. Função organizativa: o mito organiza as relações sociais (de parentesco, de alianças, de trocas, de sexo, de poder, etc) de modo a legitimar e garantir a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões. Por exemplo, um mito como o de Édipo existe (com narrativas diferentes) em quase todas as sociedades selvagens e tem a função de garantir a proibição do incesto, sem a qual o sistema sociopolítico, baseao nas leis de parentesco e de alianças, não pode ser mantido;

3. Função compensatória: o mito narra uma situação passada, que é a negação do presente e que serve tanto para compensar os humanos de alguma perda como para garantir-lhes que um erro passado foi corrigido no presente, de modo a oferecer uma visão estabilizada e regularizada da Natureza e da vida comunitária.

O Titã Prometeu
Por exemplo, entre os mitos gregos, encontra-se o da origem do fogo, que Prometeu roubou do Olimpo para entregar aos mortais e permitir-lhes o desenvolvimento das técnicas. Numa das versões deste mito, narra-se que Prometeu disse aos homens que se protegessem da cólera de Zeus realizando o sacrifício de um boi, mas que se mostrassem mais astutos do que o deus, comendo as carnes e enviando-lhe as tripas e as gorduras. Zeus descobriu a artimanha e os homens seriam punidos com a perda do fogo se Prometeu não lhes ensinasse um nova artimanha: colocar perfumes e incenso nas partes dedicadas ao deus.
Com esse mito, narra-se o modo como os humanos se apropriaram de algo divino (o fogo) e criaram um ritual (o sacrifício de um animal com perfumes e incenso) para conservar o que haviam roubado dos deuses.
Assim opera o pensamento mítico: o mito reúne, junta, relaciona e faz elementos diferentes e heterogêneos agirem uns sobre os outros. Em segundo lugar, o mito organiza a realidade, dando às coisas, aos fatos, às instituições um sentido analógico e metafórico, isto é, uma coisa vale por outra, substitui outra, representa outra. E finalmente, o mito estabelece relações entre os seres naturais e humanos, seja fazendo os humanos nascerem, por exemplo, de animais, seja fazendo os astros decidirem a sorte e o destino dos homens, seja fazendo cores, metais e pedras definirem a natureza de um humano (como na magia, por exemplo).
A peculiaridade do símbolo mítico está no fato de ele encarnar aquilo que ele simboliza. Ou seja, o fogo não representa  alguma coisa, mas é a própria coisa simbolizada: é deus, é amor, é guerra, é conhecimento, é pureza, é fabricação e purificação, é o humano.
O fato de o símbolo mítico não representar, mas encarnar aquilo que é significado por ele, leva a dizer (com faz Lévi-Strauss) que o pensamento mítico é um pensamento sensível e concreto, e onde coisas são ideias, onde as palavras dão existência ou morte às coisas.


A psicologia lança mão do pensamento mítico seja na psicanálise de Freud (utlizou-se de figuras e símbolos míticos para conceituar diversos princípios da psicanálise - Eros/Thanatos/Édipo/Narciso) e, mais profundamente, nas ideias de Carl Gustav Young, que muito nos tem a dizer sobre os símbolos e o papel dos mitos na compreensão da nossa psique, ou inconsciente.

Abaixo, uma aula de história de filosofia sobre mito e razão,suas diferenças e conceitos fundamentais. A voz do professor é meio irritante, mas as ideias são muito boas, bem didático e fácil de entender!!


Espero que o vídeo e toda essa discussão sirva para aguçar a sua curiosidade em conhecer e entender o pensamento mítico, tão essencial para o conhecimento da nossa natureza humana!